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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Projeto Didático e a Ressignificação do Espaço de Aprendizagem

"Pode-se afirmar que a o projeto didático ressignifica o espaço de aprendizagem? Como ficam os papéis do estudante e do professor nesse tipo de pedagogia?"

O Projeto Didático ressignifica o espaço de aprendizagem, uma vez que ele é uma organização das práticas de idéias e intervenção pedagógica com um fim específico, o de promover a construção do conhecimento.

Ressignifica o espaço da aprendizagem porque o Projeto didático, sendo uma proposta de ação a partir de uma situação-problema passa a ser de todos os envolvidos para responder as indagações, ou seja, não há um só autor. O projeto é realizado por diversos autores dentro de um processo de construção coletiva em que todos opinam, pesquisam, experimentam, debatem e decidem o quê e como fazer, baseando-se em princípios de cooperação do grupo.

Sendo o Projeto Didático um processo de ação coletiva, a ressignificação da aprendizagem é justificada também pela atuação do professor que deixa de ser um informante para ser um aprendiz como cita Içami Tiba:

...“Atualmente o professor não é a única fonte de aprendizagem. Sua nova tarefa é orientar o estudante na busca e no processamento das informações desejadas para, assim, atingir objetivos, deixando ele de ser a ‘única verdade” que o aluno deve ouvir. Esse por sua vez, não é mais um mero repetidor do que o professor diz. Ou seja, o professor deixou de ser o responsável único e exclusivo de informações, porque os alunos estão conectados a televisão, canais a cabo, internet, multimídia. Aos poucos jovens que ainda não estão globalizados, falta mais oportunidade do que desejo.” (Tiba, 2006 pág. 28).


Ao desenvolver um projeto didático deve-se levar em conta que trabalhamos com algo desconhecido, que não sabemos o que vamos encontrar pela frente. O professor deve estar aberto a novas aprendizagens e buscas constantes de informações para lidar com desafios e incertezas e facilitar a relação professor-aluno de forma que vai delineando a mistura dos papéis de cada um nesse processo.

Os papéis do estudante e do professor se misturam ao considerarmos que todos se tornam aprendizes diante do que é significativo para o grupo, ou seja, a aprendizagem significativa. É o posicionamento subjetivo entre ensinantes e aprendentes, como explica Fernandéz (2001):

“...Assim como não se poderia ser aluno e professor de seu aluno ao mesmo tempo, ao contrário, só quem se posiciona como ensinante poderá aprender e quem se posiciona como aprendente poderá ensinar...”(Fernandéz, 2001, pág. 54)

Esta autora conceitua que um sujeito aprendente constrói-se a partir de sua relação de sujeito ensinante por serem posições subjetivas presentes em uma mesma pessoa, em um mesmo momento e que o aprender acontece a partir dessa simultaneidade. Ou melhor, que para uma boa aprendizagem é necessário conectar-se mais com o posicionamento de ensinante do que com o aprendente e que sem dúvida, ensina-se a partir do posicionamento aprendente.

Em outras palavras, só ensinamos quando estamos prontos para novas aprendizagens. Quando se leva em conta que a aprendizagem é uma construção das relações mútuas, exatamente por não sabermos qual será o resultado de um projeto didático, apenas temos claros os nossos objetivos e para isso, temos que estar mais preparado para aprender do que para ensinar.

No artigo “O Novo Perfil do Professor” da revista Nova Escola (out/2010) os autores Martins & Moço, mencionam que, não é mais possível dar aulas apenas com o que foi aprendido na graduação e nem mesmo achar que a tecnologia é coisa para especialistas, que não se deve trabalhar sozinho sem trocar experiências com outros colegas. É necessário um planejamento e avaliação constante, com postura ativa e reflexiva, pois os estudantes de hoje estão conectados e interagem com as tecnologias da informação e comunicação e que possuem uma relação diferente com o tempo e com o mundo, o que coloca desafios constantes para a docência.

Diante disso, é possível concluir que há mais que aprender do que ensinar e que um projeto didático só poderá ser dinâmico desde que haja disposição para novos desafios e enfrentamentos na construção do conhecimento.

Uma ótima reflexão da otimização dos papéis do estudante e do professor pode ser verificado nas palavras de Içami Tiba:

“Não existe alguém

que nunca teve um professor na vida,

assim como não há ninguém

que nunca tenha tido um aluno.

Se existem analfabetos,

provavelmente não é por vontade dos professores.

Se existem letrados,

é porque um dia tiveram seus professores.

Se existe Prêmio Nobel,

é porque alunos superaram seus professores.

Se existem grandes sábios,

é porque transcenderam suas funções de professores.

Quanto mais se aprende, mais se quer ensinar.

Quanto mais se ensina, mais se quer aprender. ”

(Içami Tiba, 2006 pág.6)

Bibliografia:

FERNANDÉZ, Alícia. Os Idiomas do Aprendente. Porto Alegre, Artmed Editora, 2001.

TIBA, Içami. Ensinar Aprendendo. São Paulo, Integrare editora, 2006.

MARTINS, A.R. & MOÇO, A. O Novo Perfil do Professor. Revista Nova Escola, São Paulo, Editora

Abril, página 47, out. 2010.

http://www.eproinfo.mec.gov.br/webfolio/Mod83285/projeto_didatico.html.

domingo, 28 de novembro de 2010